O jornal literário pictorial Ostensor Brasileiro conhece verdadeiramente a necessidade em que estávamos de mostrar o mundo que esta boa e hospitaleira terra de Santa Cruz vai um pouco adiantada em civilização, do que por
especial mercê apregoam pela Europa viajantes ilustrados e fidedignos em suas narrações maravilhosas; [...] era tempo de aliviar quantos brasileiros viajam, de tão nojentas perguntas, como as que se lhe fazem respeito de selvagens,
cascavéis e jaguares que nos atormentam aqui nesta nossa selvícola cidade de S.Sebastião do Rio de Janeiro [...] 1845-1846
Os editores , do jornal são dois portugueses, Vicente Pereira de Carvalho Guimarães e João
José Moreira. A Iconografia abrange a paisagem brasileira na primeira década do Segundo Reinado. As gravuras são da empresa litográfica Heaton & Rensburg ( 1840-?). Não há referência de anúncios ou
assinantes como era habitual no Almanaque Lammaert. O Ostensor Brasileiro circulou entre 1845 e 1846, publicando cinquenta e dois números, com oito páginas, num total de quatrocentas e dezesseis páginas, além de cinquenta e quatro
gravuras.
Fonte: Eliane Peres e Marco Lucchesi.
Fundação da Biblioteca Nacional.
Ostensor Brasileiro. Jornal Literário Pictórico. (1845-1846)
O polêmico jornal Ostensor Brasileiro fez campanha pela democratização das políticas educacionais do Império e apresentou as paisagens brasileiras através de suas gravuras
Ana Brancher
* Pictorialismo. O movimento pictorialista eclodiu na França, na Inglaterra e nos Estados Unidos a partir da década de 1890, congregando os fotógrafos que ambicionavam produzir aquilo que consideravam como fotografia artística, capaz de conferir aos seus praticantes o mesmo prestígio e respeito grangeado pelos praticantes dos processos artísticos convencionais. O problema é que essa ânsia de reconhecimento levou muito dos adeptos do pictorialismo a simplesmente tentar imitar a aparência e o acabamento de pinturas, gravuras e desenhos ao invés de tentarem explorar os novos campos estéticos oferecidos pela fotografia. Por esta razão, este movimento, que perdurou basicamente até a década de 1920, foi estigmatizado durante muito tempo, mas, felizmente, assistimos hoje a uma releitura desapaixonada do pictorialismo que certamente muito contribuirá para a correta avaliação e contextualização histórica de suas contribuições.
Fonte: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3890/pictorialismo
Angra dos Reis. Os editores do Ostensor Brasileiro eram o romancista e poeta português Vicente Pereira de Carvalho Guimarães e João José Moreira. O primeiro cuidava do conteúdo do jornal e o segundo, do suporte financeiro. A palavra ostensor, do latim ostensore, significa “aquele que mostra ou ostenta”.
Itaborahy
Educação, preservação ambiental, relação com os povos indígenas, direitos das mulheres e até mesmo a unidade do continente sul-americano foram alguns dos assuntos abordados
pelo Ostensor Brasileiro – Jornal Literário Pictoreal. Não seria nada de extraordinário se a publicação, que debateu temas para lá de atuais, não tivesse deixado de circular há exatos 160 anos.
Com poucos leitores e sem anunciantes, o Ostensor circulou no Rio de Janeiro entre 1845 e 1846, propôs soluções progressistas para os problemas enfrentados pelo Império e, com seu elaborado projeto gráfico, fez parte da vanguarda
na infância do jornalismo brasileiro.
A imprensa, que havia sido proibida durante três séculos de repressão à circulação de jornais e livros, finalmente chegou ao Brasil com a vinda da Corte portuguesa para
o Rio de Janeiro, em 1808. Legalizada, a atividade jornalística se espalhou rapidamente e, apesar de ainda estar em seus primeiros passos, estabeleceu-se solidamente como um fórum de debates e um importante veículo de informações
para o país.
Apesar do pequeno boom dos jornais, aqueles que se arriscavam a investir em publicações tinham que enfrentar enormes complicações e dificuldades. Papel, máquinas
para impressão, tinta – tudo era importado.Os analfabetos eram grande maioria no país, e, portanto, havia poucos leitores e compradores de jornal. Os primeiros jornais e revistas literárias produzidos no Brasil dificilmente eram
bem-sucedidos financeiramente. Grande parte dos veículos era sustentada por políticos, que viam neles uma forma de divulgar suas idéias.
Segundo o historiador Hélio Vianna, mais de uma centena
de jornais e folhetos surgiram nas províncias e na Corte entre 1810 e 1850. Só no Rio de Janeiro apareceram mais de quarenta títulos, alguns de curtíssima duração, outros que sobreviveram por décadas. Entre
os periódicos mais importantes que atuaram na vida política e literária do país estava Jornal do Commercio, O Vigilante, Aurora Fluminense, Museu Universal, O Tribuno, Minerva Brasiliense, O Americano.
Os editores do Ostensor Brasileiro eram o romancista e poeta português Vicente Pereira de Carvalho Guimarães e João José Moreira. O primeiro cuidava do conteúdo do jornal e o segundo, do suporte financeiro.
A palavra ostensor, do latim ostensore, significa “aquele que mostra ou ostenta”; já pelo título podemos perceber que o jornal surge com a intenção de “mostrar o Brasil”. Esta posição, decidida
a “ostentar brasilidade”, se afirmava já na introdução do jornal (ou editorial, como é mais comum hoje): “O plano circunscrito que nos impusemos, de tratar exclusivamente de objetos relativos ou pertencentes ao
Brasil, constitui a primeira parte do nosso programa, e a maior das dificuldades a vencer, segundo querem aqueles que de trabalhos mentais só esperam como único prêmio um pouco de ouro vil”.
Fonte:http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/um-brado-na-imprensa-brasileira
Texo de Ana Brancher.
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